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Qual a diferença entre Espiritismo e Kardecismo


Artigo: Qual a diferença entre Espiritismo e Kardecismo?

Você já deve ter ouvido alguém dizendo: "Sou kardecista!", ou ainda: "Sou espírita kardecista!". E junto com essas afirmações, também vem junto os termos "Kardecismo" e "Espiritismo Kardecista".


E isso deixa muita gente se perguntando: qual a diferença?


Claro, essa dúvida de alguns acontece justamente por conta da certeza de outros, de que essas expressões estejam corretas, falando delas com tamanha convicção, que só resta aos demais acreditar que seja isso mesmo. E não estou falando de gente nova na doutrina: gente que está há muito tempo, estudando, trabalhando, atuando, se pronuncia dessa forma.


E aí, qual a diferença? Qual o certo? Qual o errado? Tem um certo e um errado?


Bom, vamos com calma, começando pelo começo sempre.


Quando procuramos no dicionário o significado do termo Espiritismo, vamos ver que essa palavra é um neologismo, ou seja, um termo novo, derivado dos termos "Espírito" mais "ismo", que significa "doutrina". Sendo assim, Espiritismo é a "Doutrina dos Espíritos", e essa definição aparece pela primeira vez em "O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, publicado em 1857. Na introdução do livro, logo no primeiro parágrafo, temos este nome definido e explicado pelo próprio Kardec:


"Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas."


E o que é o Kardecismo então? Vê, uma das coisas a respeito do Espiritismo é que não há um grupo que tenha exclusividade sobre a doutrina. Existe a Federação Espírita Brasileira (FEB), a União das Sociedades Espíritas (USE) e outros grupos que cuidam de criar algumas normas e padrões, mas que não passam de sugestões, pois não há obrigação ou pertencimento da doutrina a nenhuma pessoa ou entidade. Ela se iniciou com Allan Kardec e com a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, mas não se limitou a ela.


E justamente por isso, algumas religiões e seitas, mesmo sem crer em todos os dogmas filosóficos do Espiritismo, ou por usar técnicas e tratamentos que não foram indicados por Kardec, ou mesmo formas de estudo que contrariam as obras básicas do Espiritismo, usam seu nome e seus adeptos se identificam também como espíritas. E não há nada que possa ser feito, de forma legal ou religiosa, para impedir que essas pessoas se denominem assim.


Portanto, o nome Kardecismo, ou kardecista, surgiu como que para separar aqueles que se dizem espíritas mas não seguem o básico da doutrina, daqueles que são defensores da ideia e adeptos dos conceitos codificados por Allan Kardec e pelo Espírito da Verdade.


No final das contas, seria redundante para aqueles que sabem que não existem outros espíritas, ou pelo menos não deveria haver, senão aqueles que seguem as orientações de base de Kardec. Mas a verdade é que a confusão é presente nas pessoas que ainda não conhecem a fundo, ou pelo menos o primeiro parágrafo do livro base da doutrina. E se classificar a palavra "espírita" com "kardecista" ajuda a saber do que se trata, por que não entender que é simplesmente uma forma de ajudar as demais pessoas a saberem quem é quem?


Eu, particularmente, era da turma que se irritava profundamente ao ouvir alguém falando em "Kardecismo" e "Espiritismo kardecista", há até bem pouco tempo atrás. Mas durante uma conversa com um amigo querido, que me mostrou justamente isso: não importava ser tão comprometido com a letra, com a forma. Contava mais a intenção e o entendimento das pessoas. Um conceito que os Espíritos sempre retomavam nos ensinamentos a Kardec: a forma pouco importa, o que importa é a intenção. E se dessa forma as pessoas compreendem melhor, quando alguém perguntar: "você é espírita kardecista?", está tudo bem confirmar: "sim, eu sou kardecista!".


E se for pra ir um tanto além nesse nosso senso de pertencimento a essa doutrina tão maravilhosa, mais importante do nome que damos a ela ou como somos chamados pelas pessoas, é viver os ensinamentos do Cristo e praticar o bem que Kardec nos convidou a fazer, à luz do Espiritismo.


E você, costuma falar que é espírita, espírita kardecista ou dá algum outro nome?

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